quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Deixo vagar a alma por labirintos de luz ...


É o seguinte, meus queridos, todo mundo aí fora está fazendo algo. Enquanto eu, aqui, parada estupidamente, esperando que algo aconteça e mude meu rumo, meu destino, mude essa vida. Procurando em livros legais, citações de filmes ou qualquer coisa qe aflore minha sensibilidade o que eu perdi. O que eu nunca vou encontrar. De fato, a essência é algo que escondi tão fundo, tão fundo, que eu não alcanço mais. É algo que não dá mais pra tocar com as pontas do dedo; o que antes até era possível, hoje não é mais. E se eu tentar buscar isso vou entrar em um emaranhado de pensamentos, experiências, dores, lágrimas e eu sinceramente não quero lembrar. Não quero buscar o porquê. Não quero saber das suas desculpas, dos teus medos, dos seus arrependimentos. Na verdade, com o perdão da palavra, estou me fodendo para o que você está sentindo agora. Pode me chamar do que quiser, eu não me importo. Me importei um dia, hoje não mais. A única coisa que busco aqui, embora egoísta como dizes, é o meu eu. Que mude tudo. Sim, espero por isso. Houve um tempo em que eu fazia mais, tentava mais... Mas cansa, não é? Tem um dia que cansa, entende?

E ainda existem pessoas que não olham nos olhos ...


Imagine um mundo de coisas limpas e bonitas, onde a gente não seja obrigado a fugir, fingir ou mentir, onde a gente não tenha medo nem se sinta confuso [não haverá a palavra nem a coisa confusão, porque tudo será nítido e claro], onde as pessoas não machuquem umas às outras, onde o que a gente é apareça nos olhos, na expressão do rosto, em todos os movimentos - acrescente a esse mundo os detalhes que você quiser [eu me satisfaço com um rio, macieiras carregadas, alguns plátanos e uma colina] depois convide pessoas azuis para se darem as mãos e fazerem uma grande concentração para concretizar esse mundo - e, então, quando ele estiver pronto, novo e reluzente como se tivesse sido envernizado, então nós nos encontraremos lá e eu não precisarei explicar nada, sem contar estória escura, porque estórias claras estarão acontecendo à nossa volta e nós estaremos sendo aquilo que somos, sem nenhuma dureza, e o que fomos ficou dependurado em algum armário embutido, junto com os sapatos [quem precisará deles para pisar na grama limpa dessa terra?], roupas e enfeites [quem precisará de panos, contas ou cores na terra onde o ar será colorido e enfeitará nossos corpos?] - lá, eu digo, nós nos encontraremos entre centauros, sereias e unicórnios, e sem dizer nada, com um olhar verde (uma das minhas grandes frustrações sempre foi não ter olhos verdes) eu direi o quanto te gosto, e voaremos de tanta boniteza ...

Deus não te tira as coisas, ele te livra delas ...


... O mundo é duro, meu bem. Eu tentei te colocar no colo pra te contar isso, mas você subestimou meu aprendizado porque eu não consigo andar sozinha, mas aprende também, sozinho a gente não aprende nada ...