quarta-feira, 3 de novembro de 2010

E ainda existem pessoas que não olham nos olhos ...


Imagine um mundo de coisas limpas e bonitas, onde a gente não seja obrigado a fugir, fingir ou mentir, onde a gente não tenha medo nem se sinta confuso [não haverá a palavra nem a coisa confusão, porque tudo será nítido e claro], onde as pessoas não machuquem umas às outras, onde o que a gente é apareça nos olhos, na expressão do rosto, em todos os movimentos - acrescente a esse mundo os detalhes que você quiser [eu me satisfaço com um rio, macieiras carregadas, alguns plátanos e uma colina] depois convide pessoas azuis para se darem as mãos e fazerem uma grande concentração para concretizar esse mundo - e, então, quando ele estiver pronto, novo e reluzente como se tivesse sido envernizado, então nós nos encontraremos lá e eu não precisarei explicar nada, sem contar estória escura, porque estórias claras estarão acontecendo à nossa volta e nós estaremos sendo aquilo que somos, sem nenhuma dureza, e o que fomos ficou dependurado em algum armário embutido, junto com os sapatos [quem precisará deles para pisar na grama limpa dessa terra?], roupas e enfeites [quem precisará de panos, contas ou cores na terra onde o ar será colorido e enfeitará nossos corpos?] - lá, eu digo, nós nos encontraremos entre centauros, sereias e unicórnios, e sem dizer nada, com um olhar verde (uma das minhas grandes frustrações sempre foi não ter olhos verdes) eu direi o quanto te gosto, e voaremos de tanta boniteza ...

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